terça-feira, 10 de novembro de 2009

Nossa geração

Como querem que as pessoas saibam o que vão ser,
se elas nem sabem o que são agora? Nossa que começo estranho!
Mas é isso mesmo. Passamos a vida toda tentando descobrir quem somos, de onde viemos, pra onde vamos.
Mas é em vão...

Na verdade, todos nós morremos jovens demais para entender a vida.
Talvez essa seja a maior injustiça.

Cada geração age como se a sua verdade fosse soberana.
O engraçado é que, na maioria das vezes, todos agimos assim. Na nossa insignificância, achamos que estamos vivendo o parágrafo mais importante da história da humanidade. Mas o mais engraçado mesmo, é que quando se forma uma nova geração, cheia de falsa sabedoria e soberba, naturalmente, as verdades se tornam mentiras, ou, pura e simplesmente lembranças. Isso é bonito, chega a ser romântico. Porém vivemos em outra época, onde tudo, inclusive nossas convicções e lembranças simplesmente se perdem.

A grande maioria das pessoas trabalha, se casa, procria. São pessoas que já nascem desistentes. Não querem deixar sua marca. Passam a bola para seus filhos.
Não os culpo. Jamais. Se o mundo continuar como está, é muito provável que isso
se torne unanimidade. Buscamos nossa sobrevivência. As importâncias mudaram.
Um papel pintado, timbrado e copiável vale todo nosso cansaço.

Mas o que eu tenho percebido é que isso se agravou. As gerações sempre foram facilmente identificadas, reconhecidas. A nossa não. Como eu posso explicar isso?
Toda geração tem seus líderes, seus mártires, seus pensadores, seus ídolos, em suas buscas diversas. De formas diferentes, obviamente. Messias, Mestres, Filósofos, Reis, Imperadores, Deuses, Revolucionários, Indagadores. Correto?
Nossa geração vive de ídolos passados.

Não temos líderes, reis, imperadores. Temos presidentes em seus ternos de marca,
discutindo quanto vale o seu país.

Filósofos? Nem pense. No máximo, temos escritores medíocres de livros de auto-ajuda.
A filosofia virou uma psicologia barata de tricoteiras. Mas, nunca se existiu tantas doenças mentais. Você que fuma! Você não é mais um 'fumante'. Você porta uma doença! Porra!!! Dá um tempo!


Abrindo parênteses. Dentro disso, e fora. As pessoas não percebem que estão caminhando para um lugar sem fim. Acham importante a criação de 'novos empregos' e 'novas profissões'. Me desculpem, mas algumas dessas novas profissões são pura comédia. Daqui a pouco as pessoas simplesmente trocarão dinheiro, como se trocava figurinha. Vamos tentar seguir esse raciocínio. Você paga um flanelinha para cuidar do seu carro. Ele está cuidando do seu carro porque precisa do dinheiro para se alimentar. O dinheiro vai para o dono do restaurante, que vai para o dono do supermercado, que vai para o representante da marca, que vai para o dono da indústria, que volta para você!!!! Mas não é só isso. As pessoas pagam por cada coisa, é inimaginável. QUE VOLTE O ESCAMBO!!!!! Fechando parênteses.


Não temos grandes crenças, filosofias de vida, mestres, líderes, mártires.
Não há mestres porque não há a quem ensinar.

Revolucionários? Nem pensar!
Acho que em toda a história, nunca houve uma geração tão conformada como essa!! Não ligamos para absolutamente nada!
Sabem aquelas lavagens cerebrais que vemos em filmes de ficção científica? Nos fizeram a mesma coisa, em doses homeopáticas, e funcionou da mesma maneira. Estamos caleijados com desgraças, injustiças e morte. Morte em todo lugar a toda hora. Parece normal. Não nos importamos mais.


Não temos Mestres, nem Pensadores. Temos a televisão.


Nossas buscas se perderam...
Não temos crenças, nem vontade de tê-las...
Às vezes, de vez em quando, temos desespero, mas somente quando é irrefutável.

Eu poderia ficar escrevendo sobre esse mar de horror em que estamos nadando
pelo dia afora, mas de nada vai adiantar.
São poucos os que lerão. Menos ainda, os que entenderão.

Talvez
o resto de vida que nos resta, seja pouco demais...
Talvez o resto dos nossos sonhos se enforcaram há muito...

Todos nós morremos jovens demais para entender a vida.
Talvez essa seja a maior injustiça.