terça-feira, 13 de abril de 2010

Criança perdida

Já passa da meia-noite, e A.F., 15 anos, ainda não encontrou cliente. Me disse isso assim que entrou no carro. Está precisando de dinheiro, e isso é a única coisa que consegue se lembrar, com o que lhe sobra de lucidez. O pai está preso, e a mãe está cuidando do seu “bebê”, como ela se referiu ao filho de dois anos, o que me fez pensar nos motivos de uma criança de 13 anos ter que assumir responsabilidades por outra. Mas pensei que na vida, o que menos existe são motivos.
Enquanto falávamos, vi passar, na nossa frente, três sirenes uma após a outra, e com a naturalidade do que é rotina, as outras garotas continuaram na esquina, ora conversando entre si, ora se exibindo aos carros, que vez ou outra diminuíam e levavam uma das crianças perdidas com olhos adultos embora, para algum canto, talvez mais frio e mais sujo do que aquele. Vi as sirenes sumindo ao longe, e em meio a esse confronto real, sem saber o que dizer, me perguntei em silêncio: Por que?
E, voltando em mim, recebi como resposta uma gargalhada rouca, misturada à um pranto engasgado. Era como se ela soubesse o que eu estava pensando.
Segurei sua mão, dedos entrelaçados.
Passamos alguns instantes em silêncio. Nessas horas o silêncio fala e conforta mais do que palavras pré-moldadas em um livro velho. Alguns momentos depois, quem estava engasgado era eu, e aquela menina de olhos adultos me disse, limpando o rosto: “Ninguém tem culpa moço, a vida é assim”.
Saiu do carro, e com as mãos trêmulas, acendeu um cigarro. Não tive coragem de dizer ou fazer absolutamente nada. Quem era eu para dizer o que era certo ou errado naquele mundo? Me senti impotente. Não consegui me mexer.
Fui embora olhando pelo retrovisor e pensando que a vida é cruel por si só. E que existem cantos escuros inimagináveis. E, que quando saímos do nosso porto seguro, nos assustamos como crianças indefesas. É! A vida é cruel e nós não somos nada. Ou talvez, seja como aquela criança de olhos velhos me disse: “Ninguém tem culpa, moço, a vida é assim”.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Nossa geração

Como querem que as pessoas saibam o que vão ser,
se elas nem sabem o que são agora? Nossa que começo estranho!
Mas é isso mesmo. Passamos a vida toda tentando descobrir quem somos, de onde viemos, pra onde vamos.
Mas é em vão...

Na verdade, todos nós morremos jovens demais para entender a vida.
Talvez essa seja a maior injustiça.

Cada geração age como se a sua verdade fosse soberana.
O engraçado é que, na maioria das vezes, todos agimos assim. Na nossa insignificância, achamos que estamos vivendo o parágrafo mais importante da história da humanidade. Mas o mais engraçado mesmo, é que quando se forma uma nova geração, cheia de falsa sabedoria e soberba, naturalmente, as verdades se tornam mentiras, ou, pura e simplesmente lembranças. Isso é bonito, chega a ser romântico. Porém vivemos em outra época, onde tudo, inclusive nossas convicções e lembranças simplesmente se perdem.

A grande maioria das pessoas trabalha, se casa, procria. São pessoas que já nascem desistentes. Não querem deixar sua marca. Passam a bola para seus filhos.
Não os culpo. Jamais. Se o mundo continuar como está, é muito provável que isso
se torne unanimidade. Buscamos nossa sobrevivência. As importâncias mudaram.
Um papel pintado, timbrado e copiável vale todo nosso cansaço.

Mas o que eu tenho percebido é que isso se agravou. As gerações sempre foram facilmente identificadas, reconhecidas. A nossa não. Como eu posso explicar isso?
Toda geração tem seus líderes, seus mártires, seus pensadores, seus ídolos, em suas buscas diversas. De formas diferentes, obviamente. Messias, Mestres, Filósofos, Reis, Imperadores, Deuses, Revolucionários, Indagadores. Correto?
Nossa geração vive de ídolos passados.

Não temos líderes, reis, imperadores. Temos presidentes em seus ternos de marca,
discutindo quanto vale o seu país.

Filósofos? Nem pense. No máximo, temos escritores medíocres de livros de auto-ajuda.
A filosofia virou uma psicologia barata de tricoteiras. Mas, nunca se existiu tantas doenças mentais. Você que fuma! Você não é mais um 'fumante'. Você porta uma doença! Porra!!! Dá um tempo!


Abrindo parênteses. Dentro disso, e fora. As pessoas não percebem que estão caminhando para um lugar sem fim. Acham importante a criação de 'novos empregos' e 'novas profissões'. Me desculpem, mas algumas dessas novas profissões são pura comédia. Daqui a pouco as pessoas simplesmente trocarão dinheiro, como se trocava figurinha. Vamos tentar seguir esse raciocínio. Você paga um flanelinha para cuidar do seu carro. Ele está cuidando do seu carro porque precisa do dinheiro para se alimentar. O dinheiro vai para o dono do restaurante, que vai para o dono do supermercado, que vai para o representante da marca, que vai para o dono da indústria, que volta para você!!!! Mas não é só isso. As pessoas pagam por cada coisa, é inimaginável. QUE VOLTE O ESCAMBO!!!!! Fechando parênteses.


Não temos grandes crenças, filosofias de vida, mestres, líderes, mártires.
Não há mestres porque não há a quem ensinar.

Revolucionários? Nem pensar!
Acho que em toda a história, nunca houve uma geração tão conformada como essa!! Não ligamos para absolutamente nada!
Sabem aquelas lavagens cerebrais que vemos em filmes de ficção científica? Nos fizeram a mesma coisa, em doses homeopáticas, e funcionou da mesma maneira. Estamos caleijados com desgraças, injustiças e morte. Morte em todo lugar a toda hora. Parece normal. Não nos importamos mais.


Não temos Mestres, nem Pensadores. Temos a televisão.


Nossas buscas se perderam...
Não temos crenças, nem vontade de tê-las...
Às vezes, de vez em quando, temos desespero, mas somente quando é irrefutável.

Eu poderia ficar escrevendo sobre esse mar de horror em que estamos nadando
pelo dia afora, mas de nada vai adiantar.
São poucos os que lerão. Menos ainda, os que entenderão.

Talvez
o resto de vida que nos resta, seja pouco demais...
Talvez o resto dos nossos sonhos se enforcaram há muito...

Todos nós morremos jovens demais para entender a vida.
Talvez essa seja a maior injustiça.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Grande Senado

Quando vejo as cenas ocorridas no Senado, eu imagino tudo aquilo acontecendo com a trilha sonora de algum filme da trilogia The Godfather. O padrinho Sarney cuidando de sua família em um dia como outro qualquer, e outra família planejando tirá-lo da liderança. Bem parecido, não é mesmo? A diferença, meus caros... A diferença... Ahm, penso eu que são os tiros.

Sabem, quando eu era criança, assistia aos grandes filmes de máfia e adorava. Me divertia e sonhava com todo aquele respeito e poder, aquela coisa de ser intocável, temido. Esse era um dos meus sonhos, mas obviamente não entendia nada de lavagem e desvios de dinheiro, nem da diferença entre roubo e furto, ou de ladrão e senador. Mas sabem, pensando por um instante, talvez se eu tivesse me enveredado para o lado político teria realizado meu sonho, e estaria feliz. Opa! Acalmem-se, caros leitores, é só uma brincadeira de mau-gosto, afinal quem, em sã consciência de seus deveres para com a sociedade se tornaria político, já pensando no poder? Quem? Ah! Deixemos para lá.

Não posso entrar em todos os assuntos do mês, senão vocês não teriam paciência para tantos Atos Secretos validados, quebras de decoros, entre outras coisas. Mas brevemente, tenho uma pergunta. Acontece alguma coisa dentro do Senado que não é acompanhada por um Ato Secreto? O que diabos são atos secretos então? É só uma forma decorosa de dizer: “Fazemos, fizemos e faremos”. Aliás, eles falaram tanto em quebra do decoro parlamentar essa semana, que eu fui perguntar ao meu velho amigo Aurélio o que era isso. Vamos lá, no dicionário a palavra está descrita exatamente assim. Decoro (ô) sm Correção Moral; Decência. Me peguei dando uma bela gargalhada. É pra rir mesmo né? O que seria uma quebra de decoro dentro do senado? Se estivessemos em um teste de múltipla escolha, escolheríamos a alternativa (D) -> Todas as anteriores.

Então, vamos aos fatos dessa semana. Don Pedro Simon, da Família PMDB da Costa do Sul (RS) começou a discussão: “... Se o presidente Sarney houver por bem renunciar à presidência, tendo em vista a situação em que se encontra o Senado Federal, é um grande gesto dele; é um gesto que somará na sua biografia...” Percebem a falsidade em suas palavras? O que ele realmente quis dizer foi: - Sai fora enquanto é tempo. Foi bem nesse instante que começou a baixaria de quase duas horas. E foi bem aí também que eu entendi o que eles chamam de quebra de decoro. Vou simplificar. Quebra de Decoro Parlamentar, ao ver dos nossos queridíssimos Senadores é você contar o que o outro fez, afinal de contas, aprendemos desde cedo que dedo-duro nunca faz parte da turma. Pois bem. Diante de tal pronunciamento de Don Simon, o consiglieri Renan Calheiros, da Família do PMBD de Alagoas, combateu dizendo que ele estava sendo hipócrita. Mais um? “Vossa Excelência foi no gabinete do presidente Sarney dizer que estava solidário com ele... faz isso sempre no particular e vem para a tribuna do Senado Federal defender aquela posição que imagina que a sociedade está a defender... o esporte preferido de Vossa Excelência nos últimos 35 anos tem sido falar mal de Sarney... e repete agora nessa missão de paz”.

Don Simon diante de tais acusações, colocou o dedo na ferida do consiglieri. Acusando-o de ter “andado junto” com o inacreditavelmente senador Fernando Collor de Mello. Afinal de contas querem ofensa maior que essa? Diga-me com quem andas e te direi quem és, já dizia alguém. E, continuaram um bom tempo nesse debate, com o assunto sentado em uma das mesas confortáveis do Senado. Que quando, imagino eu, percebeu onde estava, rebateu com todas as caras e bocas possíveis e imagináveis, e até algumas palavras: “São palavras que eu quero que o senhor as engula. As digira como julgar conveniente. Em relação ao senador Renan Calheiros, eu, de minha parte como ex-presidente da República, estou do lado dele e do lado do presidente José Sarney.” O velho ditado merece ser repetido aqui não é? Me diga com quem andas... Ah, vocês já sabem.

Mais um acontecimento do senado essa semana foi a dança dos dedinhos. Renan Calheiros, o consiglieri, após em um pronunciamento a favor de sua família, começou uma discussão, no mínimo duvidosa com Don Tasso Jereissatti, da Família PSDB do Ceará: “Não aponte esse dedo sujo para cima de mim”, Don Jereissatti.

“Dedo sujo é o do senhor, que paga jatinho com dinheiro do Senado”, retrucou Renan.

“O dinheiro é meu, o jatinho é meu. Não é igual ao que você anda com seus empreiteiros. Coronel, cangaceiro de terceira categoria!”, devolveu Don Jereissatti. Parece aquele humorista: É tudo meu, to pagando!

Assistir à TV Senado é muito mais interessante que assistir ao Première Combate. Ah! E cangaceiro, pra quem não sabe é mafioso no nordeste.

Meus caros, não vou continuar falando de todos os ocorridos porque levaria muito tempo, e quero deixar bem claro que não foi por causa dos telefonemas ameaçadores que recebi ontem à noite. Acalmem-se, brincadeira! Mas continuando com o assunto, essas brigas foram uma pequena parte de tudo que está acontecendo no congresso. As falcatruas continuam dia a dia, mês a mês, ano a ano. Foi perguntado aos senadores, por um dos únicos programas humorísticos bons dessa nossa pobre TV, qual suas funções ali dentro. Não me surpreendi ao ver que a grande maioria deles não sabia o que responder.

O principal papel do senador é legislar: propor, discutir e deliberar sobre a estrutura legislativa do país. Um dos pontos mais importantes e que demanda a maior parte de seu trabalho diz respeito às leis orçamentárias, que indicam como e quanto o governo gastará o dinheiro público. São essas pessoas de caráter duvidoso que nós, como povo, colocamos lá dentro, que, além de tudo, escolhem pra onde vai o nosso dinheiro.

Na Grécia Antiga, era sinal de honra ser um Senador. Eram intelectuais, pessoas inteligentes, e comandavam, até mais que alguns imperadores. Até que começou a decadência. Vendo, já nesses tempos, que o caráter de um senador, ou mesmo do ser humano em si, ficava em prova em hora de grandes decisões, o imperador Calígula, nomeou seu cavalo preferido, Incitatus, para o senado. Assim, ele sempre ganhava um voto a mais a seu favor.

Sabem o que penso? Nem isso ganhamos. Nem um voto ao nosso favor. E, penso também que, o mais sensato a ser feito é uma lista – em quem NÃO votar.

Não podemos mais nos esquecer desses nomes. E, mesmo, os que não tivermos certeza dos erros. A dúvida já é suficiente. Vamos parar de colocar cavalos no nosso Senado.

domingo, 21 de junho de 2009

Trecho do meu livro ainda por lançar - "Uma banda de rock no Brasil"

"...As ruas pareciam tortas, estranhas. Naquela hora não havia lua, nem estrelas, nem esperança. A grande névoa tomara conta das ruas e dos pensamentos de Joe, que, mesmo sem entender o por quê, sentia o calor das pernas de Paula e o peso dos olhos de Déia naquele quarto. Andava esbarrando nos muros. Estava sendo seguido. Estava sendo perseguido, mas era por ele mesmo. No caminho de casa, as ruas lembravam a Cidade de Roma e toda sua barbárie. Era um contraste de riqueza e miséria e isso poderia ser facilmente inalado entre becos e esquinas. Era tudo muito frio. Era um misto de desespero e angústia. E o que eu quero ainda é um momento que dure uma vida - pensava. As folhas voavam como passos de danças medievais. As lágrimas começaram a escorrer e se perdiam no ar. Um grito de lamento ficou engasgado, e não pôde ser liberto, ele estava perto demais. E chapado demais. E três imagens se revezavam nos pensamentos de Joe. As pernas de Ana, os olhos de Déia e aquele velho maluco da praça. E, assim, caíram 1/3 dos anjos – disse como em um cochicho, e um riso engasgado. Entrou em sua casa, sem fazer barulho, e já no seu quarto começou mais uma vez a divagar no seu caderno de anotações, ao som baixinho de Beethoven.

A violência dança com Ludwig Von Beethoven. A nona sinfonia é a trilha do desprezo. Faz-me rir, Ares, faz-me rir! Faz-me rir como fizeste teus exércitos no fim das batalhas. Sobre o sangue de inocentes culpados e sob o céu púrpuro dos anjos que ainda não caíram – soltando um riso abafado. É, o som do Pink Floyd não é mais o mesmo. Será que estou blasfemando? Será que estou louco de tanto pensar? Será que estou ficando fraco? Será que seria melhor um copo de leite a uísque? – outro riso. Não, leite me dá asco. Na dúvida, é melhor me calar. Mas já não estou eu calado? E, mesmo assim, não seria melhor perguntar? Não são as respostas que fazem o mundo correr, são as dúvidas, meu caro. Sempre gostei de música clássica. Beethoven, Mozart. A progressão, a dinâmica. A arte da repetição sem repetir coisa alguma. As imagens que nos surgem à mente. Arvores falantes, enforcamentos, números voando, viro personagem de uma história sem fim e sem limites. E nem adianta querer fazer essa sua análise barata pra cima de mim. O céu do seu cérebro é o porão do meu. Aqui não há limites. Minha morada é obscura. Meus demônios estão longe dos seus alqueires. Compreende, meu caro? Porra! O que eu estou fazendo agora? Brigando comigo mesmo ou é com outro que discuto? Não sei, só sei que tinha razão, Pink Floyd não é mais o mesmo. Joe fechou o caderno, deitou e dormiu com a roupa que estava, despejando todas as suas preocupações e doenças naqueles poucos versos em seu caderno sujo e mal-cuidado. Estava agora em paz..."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Salvem os jornais!

É! As coisas estão mudando mesmo, não é?! Que frio é esse? Cachecol em rio preto! Quem diria? Mas é claro que não estou aqui pra falar sobre o tempo, afinal isso aqui não é conversa de elevador.

Sabe as mudanças que me assustam? As mudanças culturais e como nos acostumamos com tudo rotineiramente. A nossa frente cultural, nossa voz de frente, nossos jornais e nossos escritores são o que me assustam.

Não concordo com essa tese aparente que os jornais sejam feitos simples e pobremente para informar. Passar informação sobre fatos ocorridos é algo simples e provinciano que qualquer transeunte pode fazer.

Eu guardo de todo o coração, quase todas as edições do jornal O Pasquim. Gosto de lê-los vez ou outra. E foi lendo-os um dia desses que comecei a perceber a ladeira cultural em que vivemos. O jornal de antigamente fazia o povo pensar, permitia que fizéssemos parte de tudo aquilo, sentíamos vivos. Jornalistas eram escritores e escritores eram jornalistas. Traziam arte e cultura, e arte e cultura, galera, não é aquilo que costumamos ler nos cadernos que têm esse nome, que são: Colunismo Social, entrevistas com artistas ocos, programação de televisão, mais colunismo social... AAAAAAAh!! Que vontade de gritar!

Alguém aí pode me dizer que após ler um jornal de capa a capa se sente diferente? É, isso mesmo, diferente! Palavras têm que provocar sentimentos. Essa é a arte de escrever. Nós, escritores, temos que saber provocar angustia, reconhecimento de dor, insatisfação, alegria, nostalgia, pranto e sorriso.

Não é nada disso que acontece. Nos dias de hoje, o jornal parece um manual de sobrevivência para a selva que temos de enfrentar quando saímos de casa. Hoje, infelizmente, o jornalista não é um escritor, é um mero informante, salvo alguns, é claro.

Na minha sala de faculdade, com 80 alunos, quando perguntado, eu e mais meia dúzia erguemos a mão na resposta que tínhamos o hábito e o prazer de ler. Isso é aterrador. Os jornalistas aprendem nas malditas faculdades, o segredo da imparcialidade. Perdem a alma. Ser imparcial não é ficar em cima do muro, e sim mostrar os dois lados do muro, com uma conclusão genial que faça o seu leitor ter novas visões da história. Faze-los pensar! Parece dificílimo, mas não é. O jornalista deveria ter uma pitada de filosofia em suas palavras, mas as matérias de um jornal, não ajudam.

O resquício de filosofia que temos nos jornais são textos fajutos de auto-ajuda, que, na maioria das vezes, podem ser comparados a horóscopos diários. Outro dia mesmo, abri o jornal e vi “O seu corpo é um templo”, “O segredo de se manter em forma”, “Lipoaspiração: Amiga ou Vilã?”. AAAAAAh!! O corpo é o templo, mas e a mente, cacete? A mente não se exercita?

Não estou aqui pra meter o pau nos jornais, absolutamente. Isso é uma indignação, na qual sei que não estou só. A verdade é que não vejo crônicas, insatisfação, nem luta ou arte. Vejo textos informativos e publicitários, que com certeza fazem parte do cotidiano de um jornal, mas só isso? Será que não falta nada?

Obviamente, a imparcialidade deve ser usada com louvor, mas o que faculdades não ensinam é ter Alma! A sordidez tem que aparecer, mesmo que por entre as linhas. Saber argumentar, pensar, mostrar o lado certo e inverso das coisas. Formar opiniões é essencial. E, se indignar, às vezes é preciso!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sem comunicação, a própria vida seria impossível.

“Colham seus botões de rosa enquanto podem. A velhice vem voando. E esta flor, hoje viçosa, amanhã estará murchando.” O que isso quer dizer? E como eu poderia ter dito isso? Poderia simplesmente resumir essa poesia em: Um dia, seremos comida de vermes. Mas palavras são o que nos restam. E é preciso que saibamos usá-las. Que conheçamos a profundidade do nosso vocabulário.

            É de conhecimento geral, que desde o início dos tempos. Quando se tem conhecimento, se tem poder. A igreja Católica, como exemplo mais conhecido disso, queimava livros em praças públicas temendo ações revoltosas. Desde essa época já se sabia que quanto mais o povo soubesse sobre os assuntos do mundo, mais ele teria poder de argumentação. O que não seria bom para o Clero.

            Como podemos ver isso de uma forma atual? Nem é preciso que se faça essa pergunta. É claro, óbvio e já foi dito. Só tem poder de argumentação, quem conhece bem as palavras. Quem lê, e, principalmente, lê as coisas certas, se posiciona melhor sobre um assunto ou outro. E nisso se difere das outras pessoas que não possuem controle sobre as suas palavras. A partir daí temos um líder. Líderes ensinam. Líderes têm seguidores. Líderes assustam.

Não importa o que digam. Palavras e idéias juntas, são, sempre foram e sempre serão o que mudam o mundo. Às vezes temos que gritar pra sermos ouvidos. E para isso precisamos de argumentação. Posso aqui citar alguns movimentos históricos, movidos por palavras e idéias. 

O Woodstock, em 1969, trouxe mais de 450.000 pessoas para um pasto no Condado de Sullivan. Durante quatro dias, o local se tornou uma mini-nação contra-cultural na qual as mentes estavam unidas com o propósito de por fim a guerra.

 "Diretas Já" foi um movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil, em 1984, na época a possibilidade de eleições diretas para a Presidência da República no Brasil se concretizaria na aprovação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso Nacional. Todos na rua!

 Em agosto de 1990, durante os trabalhos da CPI, a população brasileira começou a sair às ruas para pedir o impeachment. Com cada vez mais adeptos, os protestos tiveram como protagonista a juventude, que pintava no rosto "Fora Collor", com um ele verde e o outro amarelo, e "Impeachment Já" - foi o movimento dos "caras-pintadas".

 Agora me perguntam: Por que a comunicação é tão importante ?
Sem a comunicação a própria vida seria impossível. Comunicar e receber comunicação é que permite a convivência dos seres humanos, a socialização, e fazer cultura. A experiência de união de pensamentos e palavras é tão importante que a sociedade humana é o resultado disso. Tudo através da comunicação.
 

   Para o ser humano que se desenvolve, a comunicação com os semelhantes realiza três funções:

1.      entende o meio ambiente em que vive;

2.      entende sua condição em relação aos outros;

3.      entende como se adaptar ao meio.

 

Essas funções são importantes porque têm influência decisiva sobre a formação

da personalidade e do sentido do eu.

A comunicação é que transmite os padrões e valores do grupo, e a consciência ética que eles têm. Por isso dar tanto valor à comunicação, às palavras, à escrita.

 Por isso temos de aprender a usar e adorar as palavras.

 Mais um exemplo: Existem muitas religiões por aí, não é??

            E que têm em comum? Todas possuem um Livro, que na maioria das vezes possui regras e os seguidores seguem a risca, não importa o quão absurdo seja aquilo. As palavras são seu manual, e são somente palavras. Mas palavras são o que regem o mundo. Sabendo usa-las, você conquista o quê e quem quiser.

 A vida, realmente, é uma poesia. E o que há de melhor na vida é que podemos deixar o nosso verso. Quais seriam os versos que você gostaria de acrescentar nesse livro? A nossa obrigação é sugar a essência da vida, e passar a frente; Não podemos deixar as pessoas sem informação. É essencial dar esse direito. Só há uma forma de enraizar o hábito de ler na população brasileira, começar agora. E sim, aproxima-los desse mundo mágico, deste mar de letras, que só quem navega é que sabe tamanha importância. Criar bibliotecas vai ajudar? É claro que vai. Mas um prédio repleto de livros não vai mudar a idéia que crescem tendo, de que leitura é coisa chata de escola. O ensino tem que mudar. A realidade tem que fazer parte diária do ensino das nossas crianças.  E associar a realidade ao ensino é uma ação que somente bons professores têm.  

            A maioria dos homens vive em silêncio, mas os que falam, esses sim, são os que fazem a diferença. Temos que ser regentes de nossas vidas, não escravos.